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#1 Zerezes


Até dói chamar de ótica! Descubra como Hugo, Luiz e Rodrigo estão inovando no mercado de óculos, de forma divertida, descomplicada e falando a sua língua

uma imagem com Hugo, Luiz e Rodrigo, conversando e sorrindo e vestidos com roupas da marca aviator

Tudo começou no laboratório da faculdade



Hugo Galindo, Luiz Eduardo Rocha e Rodrigo Latini atualmente são as mentes que comandam o sucesso da marca de óculos mais descolada e inovadora que há no mercado óptico: a Zerezes. Quem poderia imaginar que um grupo de estudantes do curso de Design de Produto, da PUC-Rio, no auge dos 20 anos de idade, fosse reinventar o mercado óptico em tão pouco tempo? O grupo, que no início era um quarteto de amigos do mesmo curso universitário, descobriu um talento e uma paixão em comum: transformar madeiras descartadas em óculos de sol divertidos e a vontade de empreender.


Desse primeiro momento, Hugo Galindo, um dos fundadores da marca, diz se lembrar da sensação de estar no laboratório da faculdade brincando de fazer óculos de madeira com os amigos e, em seguida, se encantando com a ideia de coletar madeira descartada nas ruas da Zona Portuária do Rio de Janeiro e transformar essa matéria-prima em óculos. “Me lembro até do cheiro do momento de cortar os tacos”, conta, rindo. Para os estudantes, sem grana para investir com tão pouca idade, a melhor saída era a experimentação com custo zero de aquisição. Aos poucos, os pedaços de madeira de demolição foram ganhando um design cheio de bossa e uma história para contar. Não à toa, para registrar essas histórias, muitos dos óculos de madeira deles têm as hastes gravadas a laser com o nome do local onde a madeira foi coletada.


Naquela época, os garotos cariocas com vontade de criar produtos com propósito e iniciando a vida no mercado de trabalho não se encaixavam em empresas tradicionais e escritórios enrijecidos. A solução, então, foi voar mais alto e inventar o próprio espaço com a ideia de produto que já vinha dando certo como brincadeira de produzir óculos para uso próprio.

uma imagem com Hugo, Luiz e Rodrigo da marca zerezes, projetando um novo oculos e vestidos com roupas da aviator




“Fazer a Zerezes foi a forma de criar nosso próprio ambiente e a nossa maneira de empreender”, conta Hugo.



Com algumas ideias no papel e muita criatividade, o segundo passo era criar um nome descolado para a marca, algo que tivesse a ver com o estilo deles. Foi aí que eles descobriram que a palavra “Zerê” significa caolho, estrábico, e, a partir disso, criaram uma narrativa onde Zerezes é um coletivo de estrábicos com o potencial de olhar para as coisas de uma maneira diferente, de enxergar valor em uma madeira que foi jogada fora ou olhar para um mercado óptico que precisava ser reinventado e refrescado.


Foi nesse período da faculdade, em junho de 2012, que os parceiros Hugo e Luiz Eduardo apresentaram oficialmente o projeto de óculos feitos de madeira reciclada na Conferência Rio 20, que aconteceu no MAM (Museu de Arte Moderna), no Rio de Janeiro, com 20 designers e seus produtos inéditos voltados para iniciativas sustentáveis. “Foi nesse momento que nós deixamos de ser os meninos brincando de fazer óculos para virar uma marca que se apresenta ao público'', conta Eduardo. Entre os participantes do grande evento estavam nomes consagrados do design brasileiro, como Dalla Costa e Zanini de Zanine.


Quatro anos depois, quando a marca já estava entrando na fase de abrir lojas físicas, Rodrigo Latini entrou para completar o time. Ele tinha acabado de sair de uma grande empresa para fazer MBA fora do Brasil e o processo de transferência já estava encaminhado, quando chegou o convite do amigo Hugo e mexeu com sua cabeça. “O empreendedorismo sempre mexeu comigo, eu já era cliente e admirava a marca. Era algo que eu sempre quis fazer. A escolha já estava feita no momento que recebi o convite”, conta.

design de um oculos feito em uma folha de papel




O apoio de familiares e amigos foi essencial no processo



Durante o processo de criação da Zerezes, os designers contaram com a ajuda de muita gente ao redor. As primeiras pessoas que acreditaram no sonho deles foram os professores e os amigos do dia a dia na faculdade, que tinham o design como algo bem resolvido na cabeça. Além disso, muitos professores do curso viram naquele laboratório de prototipagem, um potencial criativo, inovador e deram o suporte técnico que eles precisavam.


Em seguida veio o apoio da família, afinal, empreender está mais para um longo plantio do que uma colheita rápida. “A família foi sempre o maior suporte. Foram anos de início e tivemos um privilégio enorme de não precisar realmente tirar um salário no primeiro momento. A gente trabalhou 3 ou 4 anos sem ganhar absolutamente nada, então, a família precisou abraçar a gente”, conta Hugo.


Para Luiz Eduardo, que é filho único e tem pais que são funcionários públicos, a estabilidade era uma preocupação muito forte. “Quando fui fazer design, que era uma coisa completamente subjetiva para eles, e depois fui empreender, deu uma sensação de instabilidade que gerava desconforto para eles. Mas não demorou para eles serem os maiores entusiastas, especialmente depois da materialização do Rio 20, eles viram que não era um hobby, era de verdade”, conta.



“Quando você acredita no que está fazendo, sabe justificar o porquê, o como e o que, você consegue encontrar outras pessoas que pensam igual. Isso é muito poderoso!”, afirma Eduardo.




Rodrigo, que já tinha uma carreira sólida no “velho mercado”, estava mergulhando em um grande desafio no mesmo período em que nasceu seu primeiro filho. No primeiro momento, a família achou que ele estava ousando muito em arriscar esse compromisso naquela fase. Mas não faltou determinação e respeito na sua decisão.

empresário da zerezes tirando oculos




O momento de mais dificuldade foi o impulso para o negócio voar




No começo, os sócios vendiam apenas óculos de sol de madeira reflorestada e acetato, mas a partir de 2018 começaram a produzir lentes com grau porque perceberam que os clientes da Zerezes tinham paixão pela marca e queriam ter um design diferenciado em um óculos de uso integral. Hoje, além das lojas físicas, a marca tem uma grande presença no digital e essa mudança veio a partir do momento mais difícil que a marca viveu, na visão dos três sócios.


A pandemia do Coronavírus fez o movimento das cinco lojas cair drasticamente, além do período de lockdown parcial, e o e-commerce até março de 2020 representava apenas 15% das vendas. Os empreendedores ficaram muito preocupados e não sabiam qual seria o futuro da empresa.


“Isso deu um senso de urgência, uma virada na nossa cabeça. A gente tinha que revolucionar o e-commerce. Juntamos todo mundo em torno dessa ideia em diversas reuniões e isso fez a gente se reinventar, repensar nossa comunicação e revisitar coisas que a gente tinha como certas. O momento de maior perrengue também foi o momento de maior disrupção interna e mudança da nossa cultura”, conta Hugo. Em 2020, a marca entrou em uma nova fase do negócio, reforçando a estratégia digital e otimizando os custos de entrega para atrair mais vendas.

um homen olhando um oculos zerezes

Dica de empreendedor para entusiasta:

‘tem que fechar os olhos e pular!’



Antes de se despedir, os empreendedores deram algumas dicas para quem também deseja mergulhar nessa experiência de criar o próprio negócio. Segundo Rodrigo Latini, “quando você está empreendendo, você está colocando também um pouco de você, dos seus ideais e do que você acredita”, então é importante confiar a fundo na ideia. A sinergia entre o trio é tão grande que a maior recomendação deles é praticamente a mesma: fechar os olhos e pular.

“Você nunca vai saber o que tem do outro lado e o tamanho da oportunidade sem caminhar e se encantar”, diz Eduardo.